Exemplo de boas práticas: a experiência Portuguesa

(Estudo de caso disponibilizado pela AidLearn)

Este estudo de caso ilustra como se implementou a acção piloto em quatro pequenas/micro organizações de economia social em diferentes áreas. Uma é uma organização (12 empregados) que vende produtos e equipamentos para a agricultura e jardinagem. Outra é uma organização (14 empregados) que recebe e educa crianças até aos 12 anos de idade, com problemas familiares. A terceira é uma associação (6 empregados) que ajuda e trata pessoas com problemas de saúde e a quarta é uma associação (1 empregado) que funciona como lar de dia para indivíduos séniores, dando-lhes apoio em termos de actividades sociais. Os indivíduos das organizações contactados (por telefone e/ou pessoalmente) foram, respectivamente: um Director e o Gestor Administrativo e Financeiro; o Director; um Director e o Gestor Administrativo e Financeiro e o Director e a Assistente Social.

Envolvimento no teste piloto

As organizações estiveram envolvidas na avaliação do toolkit TSESME, designadamente na fase de pilotagem experimental. Esta fase centrou-se na aplicação dos instrumentos disponibilizados (organizacional e individual),  nos resultados e recomendações e no seminário de formação que visou colmatar algumas das necessidades de formação detectadas.

Com o Questionário Organizacional identificaram-se necessidades nas seguintes áreas:
  • Competências/avaliação de desempenho;
  • Gestão da Qualidade (leis e princípios);
  • Qualificação dos colaboradores, motivação e formação;
  • Enriquecimento e diversificação dos empregos;
  • Grelhas e incentivos salariais e a sua influência na motivação dos empregados;
  • Responsabilidade e iniciativa dos colaboradores;
  • Tecnologias de informação (redes de trabalho, e-mail, Internet, Intranet);
  • Estrutura organizacional e a sua influência na atitude dos colaboradores relativa à sua colaboração e participação;
  • Informação interna e políticas de participação;
  • Estruturação de funções e procedimentos genéricos.
Com o Questionário Individual diagnosticaram-se necessidades relativas às seguintes situações:
  • Utilização de material de trabalho, como diagramas, instruções técnicas, etc..;
  • Localizar e seleccionar informação a partir de várias fontes (bibliotecas, Internet...);
  • Avaliação da gestão e das exigências do trabalho;
  • Desenvolvimento de novas ideias, conceitos e orientações;
  • Adaptação aos novos métodos de trabalho e novas tecnologias;
  • Desenvolvimento simultâneo de múltiplas actividades;
  • Cumprir as regras internas de qualidade;
  • Utilização de equipamento de hardware;
  • Estar familiarizado com software/computação;
  • Domínio de línguas estrangeiras;
  • Competências interpessoais e gestão de conflitos;
  • Liderança.

Seminário de formação

Baseado nos resultados, decidiu-se que os temas a abordar, no seminário de dois dias, seriam:
  • Aspectos genéricos relacionados com a economia social;
  • Missão e estratégia de uma organização social;
  • Gestão de pessoas;
  • Gestão e desenvolvimento organizacional.

Recorreu-se predominantemente a uma metodologia activa de forma a assegurar a motivação dos participantes. Diversificou-se as técnicas pedagógicas, incluindo: (1) apresentações orais sobre os diferentes temas, apoiadas no Powerpoint; (2) exercícios individuais de auto-diagnóstico; (3) estudo de casos e (4) actividades em grupo /brainstorming.

Progresso da formação

Durante o seminário de formação os participantes revelaram particular interesse sobre a estrutura organizacional, funções e procedimentos. Foi descrito brevemente o processo de  análise das funções, de definição das tarefas e como cruzar esta informação com as competências. Em relação a este último conceito, os participantes preocuparam-se sobretudo com o uso das competências para  recrutar  novos empregados, planear e preparar as sessões de formação. Os participantes revelaram alguma resistência no tópico relacionado com os salários e incentivos devido não só ao facto de as suas organizações terem dificuldades financeiras constantes mas também porque parece existir uma ideia pré-concebida de que nas organizações sem fins lucrativos é quase "um crime" pagar bons salários ou ter uma política salarial centrada em objectivos profissionais. A liderança e as competências interpessoais também mereceram a atenção dos participantes, que se divirtiram a realizar os exercícios de auto-diagnóstico.

Feedback

De uma forma geral, os participantes consideraram o toolkit um instrumento importante para obter informação útil. Foram positivamente surpreendidos com a possibilidade de obter formulários,  grelhas e questionários que são dados como exemplo no toolkit. Os particiantes tinham expectativas em relação a temas como estrutura, organização do trabalho, descrição de actividades, avaliação de procedimentos, etc.

Conclusão

A experiência desenvolvida terá impacto nas organizações envolvidas, ainda que a diferentes níveis.
Uma das quatro organizações participantes, que possui uma estrutura interna bastante estável e o nível de qualificação do pessoal pode considerar-se médio/alto, irá claramente beneficiar e usar o toolkit no seu trabalho regular.
No que diz respeito a certos procedimentos internos e à elaboração de documentos de apoio à actividade, acredita-se que outra organização utilizará igualmente alguma da informação disponibilizada.
No caso de uma terceira organização, a pessoa responsável ficou consciente da necessidade de proporcionar à associação uma pessoa interna qualificada, que possa realmente compreender os novos métodos apresentados e implementá-los no terreno.
A última organização, tendo em conta a disponibilidade revelada e o nível de domínio das TIC, terá maior dificuldade em beneficiar, por si só, dos instrumentos disponibilizados.

Em resumo, o toolkit TSESME e muito particularmente a ferramenta individual, foram vistos como um método adequado para fornecer feedback e sugestões genéricas sobre necessidades específicas de formação e proprocionar uma boa base para discutir com as empresas de formação (formadores/consultores) a definição de actividades e programas formativos. Acresce, que encoraja os gestores, gestores de RH e os empregados a pensar sobre a importância e a necessidade da formação profissional, em geral,  realça as áreas de formação relevantes e pode ser visto como um ponto de partida para a tomada de consciência. No entanto, no campo da economia social, devido às suas características particulares, algumas organizações ainda necessitam de consultoria para que possam maximizar o potencial oferecido pelo toolkit TSESME.